Lisboa um dia e meio
Na minha curta passagem por Lisboa, conheci Mariana Araújo, que me hospedou em sua casa no sistema de couchsurfing. Imediatamente nos conectamos e nos tornamos boas amigas. Mariana tem a mesma paixão que eu tenho pela Itália, por Portugal.
Me mostrou sua cidade com tanto encantamento e paixão que pedi para que ela escrevesse aqui no blog ITALIAna um roteiro para quem passa rapidamente por Lisboa, como foi meu caso.
Espero que gostem… o post ficou “muito giro…”
Como se diz por cá, ver Lisboa num dia e meio é o mesmo que “meter o Rossio na Rua da Betesga!” ou seja, pouco tempo para tanta coisa que ver!
Porém, com algumas dicas, é mesmo possível ficar com uma agradável memória da sua visita a Lisboa.
Esta é uma proposta de passeio de contemplação. Existem muitas possibilidades, mas aqui fica o percurso que fiz com a minha amiga Ana, a ITALIAna, e mais umas pitadinhas de lugares especiais.
Roteiro Lisboa um dia e meio
# DIA 1
Vamos imaginar que você chega a Lisboa ao início da tarde do 1º dia. O meu conselho é que vá olhar a cidade de frente. Sabe como? Na margem Sul do Tejo!
Se está hospedado no centro de Lisboa, apanhe o metro ou táxi ou UBER até à estação de barcos do Cais do Sodré. Aqui apanhe um barco até Cacilhas.
Neste lado do rio fica a cidade de Almada, e o seu grande ícone é o Cristo-Rei. As visitas ao Cristo podem ser feitas até às 17h e terá de apanhar um autocarro (101 Cacilhas-Cristo Rei) em frente ao porto dos barcos.
A vista lá de cima é excelente e consegue vislumbrar toda a costa lisboeta, até Cascais.
O regresso a Cacilhas também é melhor de autocarro e quando lá chegar faça o percurso pedonal sempre junto ao rio.
Pelo caminho vai encontrar zonas muito abandonadas que antes foram casas e associações de pescadores. A cerca de 500 metros, vai encontrar o Restaurante Atira-te ao Rio!
Este é um local trendy, muito relaxante, onde pode apreciar a vista e o fim-de-tarde para a cidade de Lisboa, com o rio Tejo a banhá-la.
Sugestão: Saladinha de polvo e uma imperial (chopinho).
Depois, se quiser andar mais um pouco e tirar umas belíssimas fotos continue ao longo do passeio até chegar a um pequeno relvado, à beira rio.
Regresse a Lisboa antes de o sol se pôr completamente e aproveite agora para ir à Ribeira das Naus. Saindo do barco no Cais-do-Sodré, deve ir para a sua direita. Este local foi recentemente inaugurado e sugere um passeio à beira-rio ou um simples descanso nos degraus .
Feche a noite com um jantar agradável no restaurante o Povo e depois um passeio por entre a multidão na Rua Cor-de-Rosa.
# DIA 2
Este foi mais ou menos o roteiro que fiz com a minha amiga Ana, quando ela veio conhecer Lisboa e ficou na minha casa.
Se for Sábado, é dia da mais antiga e emblemática feira lisboeta: a Feira da Ladra!
Antigamente, alguns ladrões e vendedores ambulantes vinham para o Campo de Santa Clara e vendiam os seus “achados”. Hoje é um mercado imenso, vibrante, cheio de velharias, roupas, peças de arte, e até novos designers. Tem também o Mercado de Santa Clara onde se vendem géneros alimentares. É um excelente passeio matinal, o ideal é chegar cedo, por volta das 9h30, 10h.
Se não for sábado pode começar pelo Panteão Nacional que se ergue esplendorosamente ao lado do local da Feira. É um edifício do Séc. XVI, antiga Igreja de Stª Engrácia. Aqui estão os túmulos de grandes vultos da história portuguesa, como o de Eusébio, lenda do futebol e do Benfica, dos escritores Almeida Garrett e Sophia de Mello Breyner, e entre muitos outros da fadista que percorreu o mundo com a nossa música, Amália Rodrigues. Qualquer dia escrevo sobre o Fado!
Terminada a visita, volte ao mercado e em direção ao Miradouro da Graça. Mais umas boas fotos para postal de Lisboa! Se quiser alterar o seu roteiro, o fim de tarde aqui também é muito agradável.
Depois do miradouro, está na altura de se encaminhar para apanhar o mais célebre elétrico português – o 28! Destino: Terreiro do Paço ou Praça do Comércio.
Agora está na chamada Baixa pombalina. A baixa de Lisboa actual foi mandada edificar pelo Marquês de Pombal após o terrível terramoto e marmoto de 1755. A Praça do Comércio ou, comumente chamada Terreiro do Paço, situa-se junto ao rio Tejo, na zona que foi o local do palácio dos reis de Portugal durante cerca de dois séculos e que hoje está ocupado por vários departamentos estatais. É considerada uma das maiores praças da Europa, com cerca de 36 000 m² (180m x 200m).
O meu conselho é que suba ao Arco da Rua Augusta, de onde poderá admirar a arquitetura e simetria da baixa pombalina.
Depois, suba a Rua Augusta até à Praça da Figueira e, como qualquer bom português fará, tome um café e prove um docinho na Confeitaria Nacional.
Saíndo da confeitaria, vire à sua esquerda e siga para a Praça do Rossio à sua frente tem o Teatro Nacional D. Maria II e se continuar até ao Teatro irá avistar a estação do Rossio. Uma estação de comboios de estilo manuelino, ou seja profusamente decorada com elementos que apelam aos descobrimentos e ao mundo náutico, inaugurado em 1891. Esta estação faz a ligação entre Lisboa e Sintra.
Volte agora um pouco mais atrás para ir até ao Chiado.
Aqui é a zona comercial, com muito movimento. Se gosta de compras, aqui e nas ruas perpendiculares encontra vários tipos de lojas, mas a minha sugestão é que suba mais um pouco até ao café, a Brasileira.
Famosíssimo por ter sido o ponto de encontro de vários escritores do final de séc. XIX, início de séc. XX, que lançaram alguns dos mais emblemáticos estilos literários portugueses, como o Modernismo. O grande percursor e grande referência da literatura portuguesa é Fernando Pessoa. E é a sua estátua que está à porta da Brasileira e que nos convida a todos a sentarmo-nos à sua mesa. É uma foto clássica, mas que não vai deixar de gostar de a querer ter no seu albúm.
Subindo mais um pouco e encontra outro símbolo da nossa literatura, Camões. Quase que estamos a fazer um percurso literário, continue e meta pela rua Calçada do Combro, procurando pelo restaurante Sea me ou a Taberna Portuguesa para petiscar e descansar.
Depois de almoço está na hora de ir até outra ponta da cidade. Volte à Brasileira e apanhe o metro para o Cais do Sodré. Agora aí, apanhe o comboio para Belém. Este local era o ponto de partida das Naus e Caravelas portuguesas, com destino ao resto do mundo. Foi daqui que partiu a armada de Vasco da Gama em direção à Índia, em 1497 e a de Pedro Álvares Cabral que aportou no Brasil, em 1500.
Passeie ao longo do rio e faça o percurso desde o Padrão dos Descobrimentos até à Torre de Belém.
Do outro lado, vai encontrar o majestoso edifício do Mosteiro dos Jerónimos. Mandado construir por D. Manuel I em honra dos monges de S. Jerónimo cujas principais funções eram rezar pelo Rei e assistir aos navegadores que da Praia do Restelo partiam à descoberta de novos mundos. A visita completa demora entre 1 a 2 horas, pelo que poderá registar o exterior e se lhe apetecer visitar a igreja.
Mas de todos os monumentos o ex-libris é o famoso pastel de Belém! Prepare-se, as filas são longas, mas pode entrar e sentar-se para apreciar um belo Pastel. O espaço parece pequeno, mas ao entrar vai descobrir a sua grande dimensão e sucessivas salas, todas decoradas a azulejo e tijoleira. Meta canela no Pastel, é assim que se come!
Para terminar o dia posso recomendar duas sugestões.
Hipótese 1 – ir até ao Bairro de Alfama (para o lado do Castelo de São Jorge, mas no sopé da colina) para um jantar com Fado.
Eu e a Ana aconselhamos o Baiúca. E, sim, é verdadeiramente uma taberna onde se canta fado vadio à desgarrada. Não são fadistas tradicionais, são amantes do fado que ali passam algumas noites e que, à vez, vão cantar para os clientes. A comida não é de encantar, mas é caseira e os preços são acima da média, contudo têm incluído o espetáculo de fado.
Hipótese 2 – vai até ao Príncipe Real para jantar no Atalho Real, num antigo palacete restaurado que hoje se chama Embaixada. Aqui o entrecôte em bolo do caco é uma delícia. O bolo do caco é um pão doce tradicional da nossa ilha da Madeira. Depois do jantar segue a pé em direção ao Miradouro de São Pedro de Alcântara, mas pare e entre no bar Pavilhão Chinês para um digestivo.
Depois vá então até ao Miradouro de São Pedro de Alcântara e despeça-se da cidade.
Na prática
Preparei um mapa no google maps com todas as atrações e restaurantes indicados neste post. Basta clicar no ícone de seu interesse para ter acesso ao endereço, site e telefone do local.
Você pode, inclusive, baixa-lo e leva-lo com você durante sua visita à cidade de Lisboa.
Mosteiro dos Jerônimos
Os preços de visita variam, pode informar-se através do site www.mosteirojeronimos.pt
Parabéns pelo blog.
Vou reconhecer minha cidadania na Itália e preciso de orientações. Pode me ajudar? Obrigada.
Sim! Envie email para cidadaniaitaliana@italiana.blog.br
Abraços,
Ana