O modo mais simples de explicar o aspecto de Bolonha na Idade Média é compara-la ao que é Manhattan hoje. Ainda que a dona do apelido seja San Gimignano, na Toscana, podemos dizer que Bolonha era a cidade mais vertical daquela época, com dezenas de torres entre 20 e 60 metros.
As torres medievais de Bolonha
Além de garantir a segurança da cidade, as torres eram símbolo de poder político e econômico e eram de 3 tipos:
– torresotti: pontos fortificados de acesso à segunda cinta murária da cidade. A mais famosa é a torre da Via San Vitale.
– as casas-torre: uma ostentação de riqueza das famílias patrícias, tais torres formavam um anexo às casas e possuíam locais habitáveis muito seguros nos pisos superiores. Como um bunker nas alturas, que servia de fortificação em caso de invasão.
– torres: as mais altas e cujo principal objetivo era defensivo (e ofensivo também). Eram construídas por uma família ou um consórcio de famílias com o mesmo interesse político e não era raro que fossem unidas entre si por pontes de madeira, formando uma passarela.
Muitas torres sofreram com incêndios, rachaduras e desabamentos. Mas a ” crise das torres” chegou por volta de 1500, quando deixaram de ser tão úteis. Foi nesta época também que o gosto arquitetônico da população mudou e as torres começaram a ser consideradas “pouco elegantes”, para não dizer super-bregas.
Hoje, Bolonha ainda possui 20 torres medievais em seu centro histórico, entre elas, as mais famosas são a Torre degli Asinelli e a Torre del Garisenda, chamadas de Le Due Torri.
Torre degli Asinelli
Foi construída pela família Asinelli no começo do século XII. Tem uma pendência de 2,23 metros para o oeste, mas sua inacreditável altura (são 97,20m) torna essa inclinação pouco perceptível.
Pode-se subir na torre e para chegar ao topo com a vista mais linda de Bolonha, você sobe 500 degraus. Tá! Mentira…são 498!
A escada, de madeira em espiral, é bem íngreme e a mesma escada é utilizada por quem sobre e por quem desce. Uma divertida confusão medieval!
Dicas da Ana
– A dica mais importante é: suba, suba, suba… a vista de lá é magnífica e nos dias de céu claro a vista do horizonte chega até o Mar Adriático. – Vá de sapato fechado e confortável. Fico imaginando o chinelo de alguém caindo lá de cima…
-Não leve peso pois não há guarda volumes na base da torre.
– Não é necessário uma excelente forma física para subir os 500 degraus (vide a autora) pois quando você está com a língua de fora e a coxa queimando aparece uma plataforma que você pode parar e se recuperar um pouco.
– Entretanto, obviamente não é aconselhado para quem sofre de vertigens, problemas cardíacos e claustrofobia.
– Crianças costumam aguentar bem (melhor que nós) a subida. Levei minhas filhas de 10 e 12 anos e elas chegaram ao topo inteiras e sorrindo.
A torre abre todos os dias das 9 às 17. O ingresso custa 3 Euros (não há meia entrada) e é vendido na entrada da torre.
Torre Garisenda
Sua inclinação foi cantada em verso por Dante Alighieri na Divina Comedia (Inferno, XXXI): “qual pare a riguardar la Garisenda/sotto ‘l chinato, quando un nuvol vada/sovr’essa sì, che ella incontro pensa…”
Ela fica bem ao lado da Torre degli Asinelli, sua inclinação é de 3,22 m e não pode ser visitada. A torre já foi mais alta, mas para evitar que desabasse, uma drástica decisão resolveu ” cortar” 12 dos seus 60 metros de altura.
Curiosidade: você sabia que a largura oficial do tagliatelle cozido (depositada na Accademia Italiana di Cucina) deve ser exatamente 8 milímetros? Isso corresponde a 12.270 partes da Torre degli Asinelli!
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