ITALIAna

A história do seu avô – e do meu – está no Museu da Imigração em São Paulo

A história de nossas vidas começa muito antes de nosso nascimento. Somos o resultado dos sonhos de nossos antepassados. Quem nunca olhou pra trás e se perguntou: quais são minhas origens? Como eu vim parar aqui? Onde começa a minha história?

Com estas perguntas na cabeça, há muitos anos atrás,  saí em busca das respostas.  Com a ajuda de um primo que mora na Itália, conheci minha árvore genealógica desde 1300 e encontrei histórias de alegria,  amor, paixão, brigas, dores e sonhos.

Aos poucos, estou percorrendo o caminho da imigração que meu avô fez há exatos 116 anos atrás. Começo a conta-lo para vocês de trás para frente, e para isso apresento o MUSEU DA IMIGRAÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO.

Museu da Imigração de São Paulo

“Merica, Merica!”

A partir do final século XIX, pessoas de mais de 70 países chegavam ao Brasil com uma só intenção: FAZER A AMÉRICA. Isto significa que desembarcavam em terras tupiniquins para refazer a vida trabalhando nas lavouras de café e na indústria paulista.

Foi por isso que meu avô – e talvez o seu – chegou ao Brasil.

A grande maioria dos imigrantes desembarcava no porto de Santos e era encaminhada para a Hospedaria de Imigrantes (onde hoje funciona o Museu), o principal local de abrigo de estrangeiros recém-chegados, que recebeu mais de 2,5 milhões de pessoas entre os anos de 1897 a 1978.

Chegando ali, os imigrantes eram desinfetados, tomavam banho, se alimentavam, se registravam e aguardavam um emprego. Normalmente esta espera não durava mais do que 24 horas, tamanha era a necessidade de mão de obra no Brasil. Entretanto, muitos chegavam doentes e, neste caso, dentro da própria hospedaria havia uma central de serviços médicos, onde o imigrante e sua família se restabeleciam.

Uma das salas multimídia que explica de onde chegavam os imigrantes.
Exposição das cartas de chamada, nas quais os estrangeiros que já estavam estabelecidos aqui no Brasil, convidavam os parentes e amigos para encontra-los aqui.
Um exemplo de carta de chamada.
O espaço dos quartos coletivos recriados, com alguns móveis da época.

O choque cultural era gigantesco e isto, somado ao cansaço da viagem e ao medo do desconhecido, renderam histórias trágicas. Algumas delas  os anos se encarregaram de transformar em comédia e o Museu fez uma seleção delas – que são contadas pelos próprios imigrantes ou por seus familiares – e as apresenta ao público em um ambiente multimídia.

Como alguns belgas que não se conformavam que aqui se comia tudo misturado no mesmo prato e não paravam de comentar: “olha, olha, eles misturam tudo! Comem como porcos!!”.

Ou da mãe italiana do Andrea que se recusava a dar qualquer coisa diferente de pasta aos filhos e por isso cozinhava spaghetti escondido no quarto da hospedaria.

O Museu mantém um Centro de Preservação, Pesquisa e Referência completamente digitalizado, que pode ser consultado on line. Foi ali, por exemplo que descobri que no dia 17 de dezembro de 1898 meu avô desembarcou do Vapore Sempione, proveniente de Gênova e que foi trabalhar em uma lavoura de café da cidade de Mogi-Mirim, cujo proprietário se chamava Tião Aranha.

Os jardins são lindos.
Fui num dia de semana e o museu estava vazio.

NA PRÁTICA

O museu fica bem perto da estação de metrô Bresser-Mooca e este é o jeito mais fácil de chegar até lá.

Dentro do museu tem um café muito charmoso, com doces gostosos e preços estratosféricos.

No site do museu – clique aqui – existem mais de 250 mil páginas para consulta e download gratuito. Está tudo ali, e você pode descobrir muito sobre sua família também!

Horário de funcionamento: terças a sábado das 9h às 17h. Domingo das 10h às 17h. O ingresso custa R$ 6,00  inteira e R$ 3,00 meia entrada. Aos sábados a entrada é livre.

Duas vezes ao ano levo meus leitores para reviver a chegada de seus antepassados no Museu da Imigração. Um passeio cheio de emoção troca de experiências. Saiba mais sobre os encontros clicando aqui.

Sair da versão mobile